Quase não acreditei nas próprias palavras ao ir embora, deixando para trás o que tanto lutara para conseguir. O motivo? Nem ela mesmo sabia. Talvez orgulho, talvez auto suficiência que a fazia ser quem era ela. Só sabia que aquele orgulho ia a consumindo, a pegando por completo e não deixando ela agir. Dois bobos, aqueles. Eu assistia tudo pela janela, enquanto o vento pairava no ar e só via duas pessoas orgulhosas. Cheias de si demais para pedir desculpas ou confessar que a culpa era de ambos. Porque o orgulho lhe consumia tanto por dentro se o sujeito tinha tudo o que queria?
Às vezes, era preciso voltar atrás e pedir desculpas. Esquecer suas frases feitas, seus pensamentos fixados na cabeça e dados como certo. Não gostava de voltar atrás, odiava indecisão, e sentia raiva daqueles que tentavam fazer com que ele mudasse de opinião. Não gostava de coisas mal feitas. Amava o perfeccionismo, e tinha certeza sobre si mesmo. Mas amava mais o próximo do que ele próprio. Como pode deixá-lo ir embora, apenas pelo orgulho? Culpa do orgulho, talvez. Daquele sentimento que não era ele que tinha que voltar, ser contraditório.
Mas era necessário. Era necessário ou tudo iria se perder, apenas por falta de palavras. Existiam sentimentos sim, só não eram expressados. Tinham a mania de achar que era sempre culpa do outro, aquele casal que tanto parecia certo um para o outro. Mas então, porque simplesmente não esqueciam o pensamento de que o outro era o erro, o outro era o problema, e não alimentava do sentimento que ainda restava?
Pobre orgulho. O impedia de fazer o que queria. O impedia de pedir desculpas e seguir em frente. O fixava no ponto do qual ele sempre sonhava em sair, só não lhe dava adeus porque se acha forte demais, melhor demais, ou em outros casos, tinha vergonha de admitir que não era tudo aquilo que enchia o peito para dizer.
Mas o vilão não era ele – orgulho – era a própria pessoa. Que insistia em achar que ela nunca poderia errar. Achava que não tinha defeitos, apenas os outros o carregavam nos ombros, achava que poderia ter tudo o que quisesse apenas por alguns meros objetivos. Mas tinha o orgulho ao seu lado. Orgulho que o impediu de voltar para o que sempre amou. Claro que era bom ter sua companhia: o orgulho o fazia se sentir amado, quando não havia aquela pessoa ao seu lado. A culpa não era dele.
Eles eram apenas orgulhosos demais para admitir que não conseguiam um viver sem o outro.
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